Aventuras One-Shot e Curtas #001

Mestre Eduardo, Aventura One-Shot 003
Jogo realizado em 02.06.2018

A Herança de Devon Brewalch.

Silos, uma cidade grande com problemas
ainda maiores. Um prato cheio para quem
deseja conquistar fama e dinheiro
A história abaixo ocorre totalmente dentro de uma das grandes cidades portuárias do reino de Aksum, mais precisamente a cidade de Silos, situada na parte centro-sudoeste do reino, à beira de um gigantesco “mar interno” conhecido de ambos os lados como “O mar dos Naufrágios”, dado à quantidade de pequenas embarcações que saem das Terras Livres do Oceano Azul e nunca chegam ao outro lado...


Essa aventura One-Shot contou com 2 personagens novos:
1 Guerreiro Humano chamado Samir;
1 Monge Githzerai chamado Karvi.
Ambos “associados” a uma das poucas organizações de aventureiros existentes na cidade. Essa se chamava Confraria dos Espinhos de Silos e estava bem no início de suas atividades contando com poucos aventureiros em busca de dinheiro e fama.

Samir, guerreiro humano 
Resumo da História do Guerreiro:Ele deu baixa da Guarda de Silos por não concordar com a política de ação do setor ao qual foi alocado. O que levou o guerreiro a fazer serviço interno até não aguentar mais tamanha subutilização de seu potencial.Após sua baixa, ficou impossibilitado de exercer sua especialidade. Fato que levou Samir a buscar novas opções para ganhar dinheiro. Culminando com seu envolvimento com artesãos de madeira e o aprendizado de um novo ofício que finalmente passou a colocar comida em sua mesa.

Karvi, githzerai monge
Resumo da História do Monge:Ele compartilha o destino “mais comum” de todos os Githzerai que se encontram no Plano Material Primário. Sendo usualmente os “órfãos” do conflito eterno entre as duas raças de Giths.No caso de Karvi, um monge que salvou diversas pessoas da fúria de uma das várias incursões Githyanki que passaram a “aparecer” no reino... Essa em particular, se deu próxima aos muros de Silos e acabou suprimida pela união das forças da Guarda Local, da Confraria dos Espinhos de Silos e de alguns poucos corajosos que puseram suas vidas na frente batalha (como Karvi).Com o fim do confronto e a morte de todos os Githyanki, o conselho de Karvi foi essencial às autoridades locais. Que decidiram expulsar/banir as armas de prata daqueles invasores - uma vez que, conforme atestado por alguns estudiosos locais, tais artefatos atraem a vinda de vários Githyanki, que destróem tudo em seu caminho até recuperarem essas armas.


Anders Brewalch
O Contratante
O início dessa história se deu precisamente com a chegada do Senhor Anders Brewalch às modestas instalações da Confraria dos Espinhos de Silos em busca da “especialidade da casa”, ou seja, alguns aventureiros ou heróis de aluguel que estivessem disponíveis para ajudá-lo a resolver uma questão de herança familiar.

Foi Samir quem atendeu o senhor Anders. E apesar da maneira cortês com a qual sempre conversa, sua natureza de guerreiro ressalta sua pouca paciência para “firulas”, então não perdeu tempo em conduzir aquela “agenda” de maneira objetiva e direta, tentando extrair a maior quantidade possível de informações que pudessem levar à conclusão positiva daquele caso.

O senhor Anders (filho do então falecido a apenas 1 mês, senhor Devon Brewalch) começou a explicar que, desejava contratar aventureiros que verificassem e/ou pudessem comprovar (se possível) a teoria de que seu pai havia sido assassinado pelo próprio irmão: Henry Brewalch (tio do senhor Anders); que além de usurpar todo o patrimônio da família, o expulsou do casarão e passou a administrar a Companhia Brewalch de Caravanas, empresa parte da herança disputada (entre várias outras posses do falecido).
No tocante ao assunto de herança, o senhor Anders tinha plena certeza que Devon Brewalch deixou um testamento guardado num grande cofre alojado no casarão da família, mais precisamente no escritório de seu pai. Mas por outro lado, não havia qualquer indício de informação a respeito de onde estava a respectiva chave.


À primeira vista o caso parecia simples, mas após a versão resumida da história, os aventureiros "morderam a isca" e começaram a questionar os pontos do relato. O senhor Anders foi expondo mais e mais detalhes que se mostravam complicadores interessantes para o caso...


As informações “escavadas” foram:
  • O senhor Devon era uma homem de meia idade, conhecido por sua boa constituição física e havia falecido a mais ou menos 1 mês.
  • Foi encontrado morto em sua cama numa cena que não apresentava qualquer sinal de luta.
  • Posteriormente, quando preparavam o corpo para os rituais fúnebres, os Clérigos de Festus (Deus da Morte dentro da Igreja Aksuniana) atestaram que Devon Brewalch faleceu de causas naturais.
  • Quando questionados pelo senhor Anders, os mesmos Clérigos que prepararam o corpo descartaram completamente a morte por envenenamento. Posição atestada e defendida pelo  Irmão Zilled, que era o sacerdote superior encarregado aqueles procedimentos.
  • Devon Brewalch foi sepultado no mausoléu de sua família no Cemitério Branco (também chamado de “cemitério dos ricos”) um local murado, adjacente ao Templo de Almah (Deusa da Vida dentro da Igreja Aksuniana), que por sua vez, fica situado na parte alta da cidade.
  • O senhor Henry (irmão mais velho de Devon) era um devotado estudioso das artes arcanas e o dono de uma “reputação duvidosa”.
  • Henry Brewalch se viu obrigado a arcar com os custos de seus estudos arcanos. Como não não havia outra alternativa, se viu obrigado a vender sua parte na Companhia Brewalch de Caravanas décadas atrás ao irmão falecido.
  • Com a morte do irmão, o senhor Henry assumiu imediatamente o controle total das posses da Família Brewalch, começando sua administração com a expulsão do sobrinho, o senhor Anders.
  • Sabendo que seu irmão guardava toda documentação importante no cofre, providenciou a contratação imediata de uma “companhia anã especializada em abertura de cofres” (provavelmente pertencentes a uma Guilda de Artífices do Império Kalar) para acessar os documentos sigilosos da empresa. Como era apenas uma questão de tempo até a chegada desses “especialistas”, o senhor Anders queria expor o tio antes de perder toda e qualquer chance de reaver sua herança.
  • Durante a conversa, alguns outros nomes foram citados pelo senhor Anders; como o senhor Jamas, um notório amigo dos irmãos (Devon e Henry); assim como o nome do senhor Gilian“homem de confiança” do senhor Anders e apontado como contato ou intermediador com os aventureiros (poderia ser encontrado na Taverna da Hiena Bêbada).
  • Foi estipulado um prazo limite para completar a missão: A noite em que o senhor Henry Brewalch agendou realizar uma suntuosa festa com a finalidade de anunciar os novos rumos para a Companhia Brewalch de Caravanas à Aristocracia Local - fornecendo aos aventureiros 2 convites para essa festa, que serviriam de entrada para o casarão da família no caso de precisarem aguardar o evento para completar a missão.
  • Em se tratando das “ajudas” para a execução da missão, o senhor Anders forneceu além de equipamento básico e uma “Permissão de Acesso” a algumas áreas da Companhia da família, uma “Carta de Crédito” no valor de 500 PO a ser utilizada para “aqueles contratempos” que somente o dinheiro pode resolver.
  • Como recompensa final, caso os aventureiros atendam às expectativas do contratante, foi prometido à Confrariauma propriedade avaliada em 20000 PO que, se avaliada e inspecionada de acordo, certamente se mostraria uma estrutura muito mais adequada como “Base de Operações” do que o “casebre” que utilizavam atualmente - segundo palavras do senhor Anders.
Naquele momento, a Confraria contava apenas com Samir e Karvi “disponíveis” na cidade. Sendo assim, a investigação do Caso Brewalch teve início no momento em que o senhor Anders saiu porta a fora dizendo que, caso os convites não precisassem ser utilizados para completar a missão, que fossem estímulos para comemorar o cumprimento da mesma!

O primeiro passo sugerido por Samir foi utilizar seus contatos na Guarda de Silos para levantar mais informação. Assim, seguiram até o Quartel da Cidade Alta, mais precisamente até a guarnição responsável pelo atendimento ao chamado da Família Brewalch quando encontraram o corpo do senhor Devon em sua cama.
Assim que foram recebidos pelo oficial de dia, Samir explicou o motivo de sua visita e sua crença na possibilidade de haver (ou faltar) alguma coisa nos relatórios. Ele buscava algo que indicasse alguma falha de procedimento, indício de adulteração, fraude ou algum fato que justificasse a reabertura daquele caso.
Após alguns minutos de conversa com o Capitão John Steel, foi indicado um subordinado para levar a dupla (Samir e Karvi) até os arquivos, onde ficaram algumas horas pesquisando as entrelinhas do caso, onde a informação mais relevante eram os nomes dos guardas destinados a atender a família no dia que encontraram o corpo de Devon Brewalch: Os gêmeos Kulur e Kuzur, Ogren o ruivo e o sargento Owl.

O segundo passo dos aventureiros se deu no sentido de levantar e apurar o histórico de queixas e reclamações contra a Família Brewalch em busca de algum registro de desavenças ou inimizades que pudessem apoiar a teoria de assassinato. Mas não havia nenhum registro oficial e, tudo o que descobriram voltava diretamente aos muitos boatos e dizeres correntes nas ruas e sombras das tavernas indo de totais absurdos àqueles mais plausíveis: Histórias sobre caravanas que não deram certo e pessoas boas que morreram na estrada - culminando com o não pagamento dos “seguros” devidos às famílias daqueles que não retornaram das caravanas organizadas pelos “agentes” do senhor Henry Brewalch.
Após levantar todas essas informações correntes na “boca pequena”, os aventureiros optaram se dividir…
Karvi foi verificar a possibilidade de encontrar algum modo de “falar” com o espírito do falecido. Uma alternativa que seria usada como último recurso, já que teoricamente apenas o morto pode responder às dúvidas sobre sua morte. Depois de algum tempo “pesquisando” pelas ruas, o Githzerai finalmente descobre um nome...
Samir optou inspecionar a fachada da Companhia Brewalch de Caravanas; observando cada entrada, janela, movimentação, qual o tipo de gente que fazia a segurança, quantos eram, seus armamentos e até mesmo se tinham ou não a postura de soldados treinados…Samir queria se preparar para “o último recurso”, caso fosse necessário invadir a empresa. Mas no meio de sua “vigília”, lembrou que tinha recebido uma autorização para “inspecionar” algumas áreas internas da Companhia, então achou melhor se reunir com Karvi e traçar o próximo passo.
Após se encontrarem, não foi difícil optarem verificar o nome encontrado por Karvi, já que havia a chance de obter informação “em primeira mão” diretamente com o falecido… Sendo assim, a dupla finalmente chega à Taverna da Mesa Suja, apontada como o local mais provável para encontrar o elfo que atendia por Irmão Theon (Clérigo de Festus), que dentre todos os feitos e realizações em prol da comunidade, também era conhecido por poucos cidadãos como responsável por “promover audiências com os mortos”, claramente mediante o pagamento de um “preço justo” que segundo diziam, era para cobrir os materiais utilizados nos rituais.


Após alguns minutos de conversa (ainda na taverna), Theon “entra na onda” de Karvi e concorda em receber os aventureiros no Templo de Festus para conversar com mais privacidade (a hora marcada para o encontro foi “ao cair da noite”, quando Festus começa sua vigília).

Assim que adentraram o templo, Karvi tentou disfarçar sua presença como um dos fiéis enquanto Samir fez de tudo para ser notado por algum sacerdote (o que funcionou quase de imediato) sendo atendido por um dos “irmãos da noite” e, tão logo mencionou o nome de Theon, foi imediatamente encaminhado a seu encontro.
A conversa com o elfo foi muito produtiva, visto que ele concordou quase prontamente em realizar o serviço para a dupla, desde que decidissem logo se levariam a “boca do morto” ou sua cabeça até ele. Porém, caso fosse necessário o deslocamento de Theon até o local onde repousa o corpo, o preço seria “bem maior” - Esclarecimento fundamental, para optarem pelo “método mais barato”.
Theon deixou claro que, uma vez que os aventureiros levariam o morto até ele, toda a preparação custaria o valor de 100 PO; valor que deveria ser pago no momento em que se encontrassem para a realização do ritual.
Além disso, a dupla não deveria levantar suspeitas desnecessárias. Era imprescindível tratar tudo num só encontro a ser realizado à meia-noite do dia em que fizessem a marca da lua do Símbolo de Festus (a representação de Festus é a Lua, e a marca a ser desenhada era um círculo, símbolo que representa a Lua Nova. Na fé da Igreja Aksuniana, essa fase lunar significa a passagem para uma nova vida longe dos problemas mundanos) a no 3º pilar do muro do cemitério, a contar da fachada do templo.

Saindo do Templo de Festus ficou claro para os aventureiros que, o “último recurso” acabara de se transformar no “plano A”. Então a partir dali a missão consistia em se preparar para a incursão noturna no Mausoléu dos Brewalch.
Na manhã do dia seguinte, os aventureiros saíram às compras de alguns ítens como Pé de Cabra, Ferramentas de Ladrão, Tochas, Pederneira e Kit de Primeiros Socorros além de alguns “disfarces” para facilitar a ação noturna - tudo financiado pelo “Banco Samir de Desenvolvimento para Aventuras”.
Terminada essa fase do plano, se dirigiram ao Cemitério Branco a fim de descobrir a localização do Mausoléu da Família Brewalch e “inspecionar” minuciosamente o local.
Depois de algum tempo procurando, Samir reconheceu o símbolo da fachada da empresa (brasão da família) em um dos maiores mausoléus e começou a mapear mentalmente as menores distâncias entre as entradas e saídas, assim como planejar as rotas de acesso e fuga (caso fosse necessário).
Durante o processo de reconhecimento, acabou sendo abordado por um dos guardas que faziam a segurança do cemitério e decidiu cooperar com ele, se retirando do local sem criar qualquer tipo de confusão.
Assim que saiu de dentro do cemitério, Samir decidiu verificar os arredores do cemitério. A distância das casas até o muro e o acesso mais curto e seguro para o lado de dentro.
Karvi acabou se perdendo pelos corredores estreitos enquanto procurava pelo Mausoléu dos Brewalch e quase que por ironia do destino, também acabou abordado pelo mesmo guarda que “expulsou” Samir. O Githzerai tentou argumentar que estava procurando a Tumba de Nalder, um notório Paladino de Almah que fora sepultado no centro do Cemitério Branco. Como Karvi estava muito longe do local correto, o guarda acho melhor acompanhar o “visitante resmungão” para o lado de fora.

A missão noturna teve uma dificuldade muito além da esperada pela dupla. Iniciando com a tentativa de chegar a um acesso específico por meio dos esgotos, cuja “tampa” acabou sendo trancada pela guarda devido à utilização por jovens incautos que invadiam o cemitério à noite.
Após conseguirem abrir o cadeado da grade, entraram e trancaram novamente para não levantar suspeitas que levassem a guarda a verificar se alguém estava usando aquela passagem outra vez...
Assim que saíram do esgoto, Samir se localizou no cemitério e fez de tudo para conseguir se esgueirar por entre os jarros, estátuas, paredes de gavetões e corredores estreitos até finalmente alcançar o Mausoléu dos Brewalch (para Karvi, todo aquele esconde-esconde era “um pouco” mais fácil, já que não carregava uma alabarda).
Assim que alcançaram a grade externa do mausoléu, a primeira grande missão foi abrir o cadeado da corrente externa (o que foi relativamente fácil), para só então passar à parte complicada: Abrir a tranca da pesada porta de metal (uma tarefa realmente complicada)...
O tempo estava passando, a ronda se aproximando, os soldados ficando mais desconfiados, Karvi tentando desviar a atenção fazendo "truques" para assustar ainda mais os guardas, Samir tentando destravar a porta e quando finalmente conseguiu, teve que lidar com o peso da mesma para que não fizesse nenhum rangido ao se mover…
Assim que possível adentraram a tumba e trancaram o cadeado da corrente externa; fecharam a porta quase que ao mesmo tempo em que os guardas chegaram em frente ao mausoléu. Mantiveram-se em silêncio por algum tempo até que arriscaram produzir faíscas (mais um dos poderes de Karvi) para iluminar o “breu” que habitava a tumba.

Do lado de fora, os soldados que já estavam assustados, preocupados e desconfiados, passaram a prestar mais atenção a tudo que estava à volta, dedicando uma atenção especial a qualquer coisa de anormal que pudesse ocorrer no mausoléu e suas imediações…
Karvi, percebeu que a situação não estava favorável, então decidiu arriscar mais um susto nos guardas, dando início à produção de uma névoa que passou a “sair” pelas frestas da porta e da fechadura.
A ação de Karvi surtiu efeito, mas não era bem o que os aventureiros esperavam, uma vez que os guardas saíram correndo de lá para buscar um dos clérigos do Templo de Almah, que ficava adjacente ao cemitério.

Essa era a “janela de tempo” que os dois tinham para agir! Decidiram acender a tocha e seguir pela breve escada que encontraram à direita de quem entra no mausoléu. Desceram um pouco e deram de cara com uma tumba recente e o nome de Deven Brewalch.
Samir não pensou duas vezes e decidiu arrancar o mármore que selava o caixão, enquanto Karvi ajudava retirando a massa em volta da pedra…
Rapidamente se viram puxando o caixão de dentro da tumba, abrindo sua tampa e Samir usava seu machado de mão para arrancar a cabeça do morto enquanto Karvi vomitava com o cheiro pútrido do corpo em decomposição.
Já sem tempo para pensar direito, Samir “enfiou” a cabeça decepada de Devon Brewalch na mochila e arrastou Karvi para uma saída “desesperada”! Até onde ele sabia, os guardas estavam retornando com um clérigo e isso era tudo o que ele não queria enfrentar…
Durante a fuga dos aventureiros, Samir (que sabia exatamente para onde ir) e Karvi (que estava completamente perdido) corriam em direção ao local do cemitério em que os mausoléus e tumbas estavam mais próximos do muro (de forma que pudessem usar as tumbas como trampolins para a fuga), que por sua vez, também era mais próximo das casas.
Vendo que seu parceiro não tinha força para realizar os saltos necessários, Samir o ajudava a subir e o “arremessava” quando necessário, de forma que conseguissem escapar da maioria das flechas dos guardas e das magias de ataque do clérigo.
Uma vez fora dos muros, correram pelos becos evitando serem ainda mais alvejados e chamuscados. Conseguiram se esconder por pouco tempo e no fim, se dirigiram à Confraria quando as coisas finalmente se acalmaram, levando consigo a malcheirosa cabeça putrefata de Devon Brewalch.


Passaram rapidamente pelo muro do Templo de Festus, deixaram a marca da lua e rumaram apressadamente para as instalações da Confraria.
Como já estava amanhecendo, a primeira coisa feita por Samir foi queimar todas as roupas que estavam com cheiro de “gente podre”. A segunda providência tomada, foi justamente abafar a podridão que exalava da mochila - para isso, ele arranjou uma saca de grãos, esvaziou, colocou “terra fresca” do quintal, acomodou a cabeça e em seguida sobrepôs mais terra (na esperança de não “apodrecer” toda a vizinhança).
Ainda tomados pelo reflexo de toda a adrenalina do ocorrido na noite passada, cada um dos aventureiros passou o dia retornando à rotina a fim de não chamar atenção demais para a Confraria

Quando estava próximo à meia-noite, rumaram em direção ao templo, levando consigo a saca malcheirosa e ao serem recebidos por Theon, se deram conta de que nenhum dos dois havia descontado a carta de crédito para pagar pelo ritual. Isso obviamente resultou no maior sermão discreto e silencioso que os dois aventureiros levaram em toda a vida!
Apesar de tudo, Theon ainda queria ser pago (e provavelmente não queria perder os preparativos que já havia sido feitos), então propôs que voltassem na noite seguinte com o dinheiro - frisando que só seriam atendidos mediante o pagamento imediato do valor combinado.


Depois de “perder a viagem” voltaram ao “conforto” da Confraria para planejar melhor o que fariam com as próximas horas… Se puseram a “revisar” as perguntas que fariam ao espírito de Devon Brewalch quando fosse convocado por Theon.

Chegaram então à conclusão de que seriam as perguntas:
  • Existe um Testamento?
  • Onde está a chave do cofre?
  • Você foi assassinado?
  • Existe algum jeito de provar o crime?
Após essa sessão de “criatividade”, ainda sem muita ideia de qual seria o próximo passo, Samir foi arranjar algum punhado de esterco para plantar flores na saca com a cabeça de Devon, visando “maquiar” o forte odor que exalava da saca.
Antes da chegada da noite, os aventureiros realizaram a troca da carta de crédito, saindo da Casa de Câmbio com 50 moedas de platina, ficando metade com cada um dos aventureiros (a moeda escolhida tinha o fim de diminuir o volume carregado por eles).
De posse do dinheiro acordado, seguiram apressadamente em direção ao Templo de Festus, o objetivo principal era acima de tudo averiguar as condições da morte de Devon Brewalch (e se livrar daquela cabeça “fedorenta”)!
Chegando finalmente ao local da noite anterior, o clérigo (irmão Theon) sequer abriu a porta para saber do que se tratavam as batidas na porta. Apenas colocou a mão de fora para receber as moedas combinadas dizendo:
“Se o dinheiro não estiver com vocês, nosso negócio está cancelado!”
Uma vez que o clérigo foi pago de imediato, a porta do Templo de Festus se abriu apenas o suficiente para que passassem sem chamar muita atenção; andaram por vários corredores, subiram, desceram e se encontraram num local isolado onde tudo estava preparado para o ritual, que foi feito com sucesso. Convocando o espírito de Devon e o obrigando a responder às 5 perguntas que lhe seriam feitas...
E foram elas (e suas respostas):
  • Você é realmente Devon Brewalch? - “Sim…”
  • Existe um Testamento? - “Sim…”
  • Onde está chave que abre o cofre? - “Em casa…”
  • Você foi assassinado? - “Não sei! Eu estava dormindo…”
  • Onde na sua casa, você guardou a chave que abre o cofre? - “Ela está vigiada por todos os parentes!”
Depois de mais um sermão vindo de Theon, os aventureiros se despediram do elfo sendo incumbidos de se livrarem o mais rápido possível da cabeça de Devon Brewalch! Até onde ele sabia dizer, era provável que os Clérigos de Almah estivessem rastreando o paradeiro dela por meio de magia.
Sem muita ideia do que fazer para se livrarem da saca mal cheirosa, Samir sugeriu a seu parceiro que fossem para o Porto de Silos. Ele imaginou que lá seria o lugar perfeito para se livrar da “carga”. Afinal de contas, quem procuraria a cabeça de Devon no fundo mar? (finalmente deixariam o falecido descansar em paz).

Enquanto desciam as ladeiras de pedra, Karvi percebeu que estavam sendo seguidos por boa parte do caminho, mas Samir decidiu ignorar a presença de seus perseguidores!
Essa imprudência acabou resultando no inevitável encontro dos aventureiros com 3 assaltantes noturnos durante exatamente na última travessa antes de chegar à zona portuária. Percebendo que não seriam pagos, os bandidos optaram atacar o guerreiro ao invés do “mendigo” (Karvi), o que deu início a uma série de “castigos” sofridos por Samir, que só pensava em completar o serviço a todo custo…
Durante o confronto, lhe ocorreu que Theon havia pedido que se livrassem da cabeça de Devon, lembrou ainda da possibilidade dos Clérigos de Almah estarem rastreando o paradeiro da cabeça e por fim, concluiu que não poderia ter se metido numa situação melhor para finalmente se livrar da cabeça e ainda conseguir um “álibi” para essa noite.
Naquele instante, gritou para Karvi: “Vaza!” (que entendeu prontamente o recado, debandando juntamente com seu parceiro)
Depois de algum tempo correndo dos assaltantes, acabaram alcançando um local melhor vigiado pela guarda, com a presença de muitas pessoas. Por fim, adentraram uma grande taverna e finalmente aproveitaram para “desaparecer” da vista dos assaltantes.

Mais uma vez o sol nasce e com ele as novas ideias para finalmente completar a missão que decidiram aceitar!
Os aventureiros decidiram encontrar ir à Taverna da Hiena Bêbada para além de comer e beber alguma coisa diferente da “gororoba” a qual estavam acostumados, finalmente se encontrar com o senhor Gilian (homem de confiança do senhor Anders Brewalch), levando com eles a informação de que realmente existia um testamento, uma chave e que a mesma estava na casa do falecido, num local que pudesse ser vigiada por todos os parentes.
Gilian agradeceu o empenho dos aventureiros, embora “alguma coisa” dissesse a ele que a dupla era de alguma forma responsável pelo ocorrido no cemitério, não tinha como provar suas suspeitas. Então apenas se despediu dizendo que levaria as notícias ao senhor Anders o quanto antes…

Samir estava com “a pulga atrás da orelha”, já estava impaciente com tanta dificuldade para apenas 2 pessoas. Então optou descobrir o outro lado daquela história. Convenceu Karvi a terem uma conversa com o senhor Henry Brewalch, tio de Anders e até então o grande vilão de toda aquela história de drama familiar…
Utilizaram as cartas de acesso à empresa, adentraram as instalações, fizeram o melhor reconhecimento possível e antes do fim do “passeio”, decidiram bater à porta do “dono” da empresa para solicitar uma audiência.
Foram recebidos por uma “recepcionista” que informou da impossibilidade do “chefe” em receber os dois aventureiros. Então solicitou que viessem no dia seguinte naquela mesma hora - uma vez que não tinham muita coisa para fazer, aguardaram o tempo passar aproveitando para se recuperar plenamente do combate da outra noite.
No dia seguinte, já próximo da hora marcada com Henry Brewalch, os aventureiros se arrumaram adequadamente, se armaram de argumentos e partiram para conversar com o mago que até aquele momento era o algoz de seu contratante…

Henry Brewalch
A recepção foi na melhor das hipóteses “fria”. Mas em pouco tempo a conversa aqueceu os ânimos e devido às falhas do mago em tentar ler ou dominar a mente dos aventureiros, Henry se viu “obrigado” a pelo menos ouvir os argumentos de Samir:
“O senhor é uma pessoa inteligente! Já deve saber quem somos e o que viemos fazer aqui. Então não vejo porque não ir direto ao ponto, certo? Temos uma informação confiável a respeito do cofre e da chave! Logo, queremos saber o quanto isso vale para o senhor...”
Henry disse que manteria o mesmo prêmio prometido por Anders se os aventureiros se livrassem “de seu sobrinho idiota” trazendo a mão dele como prova de sua morte (a mão esquerda de Anders tinha uma marca de nascença muito peculiar na forma de uma espada).

Samir percebeu as intenções “nada honradas” de Henry e como não tinha garantia nenhuma de que o mago deixaria os aventureiros saírem vivos de seu escritório, não deu a ele uma resposta definitiva ao pedido de eliminar Anders na Estalagem do Viajante Sortudo...
No entanto, antes de sair “do covil” do mago que os ameaçava veladamente, usou da “boa fé” e deixou a informação (incompleta) de que a chave do cofre estava guardada no casarão da família.

Dono da Estalagem do
Viajante Sortudo
Saindo da Companhia Brewalch de Caravanas vivos e inteiros, os aventureiros seguiram em direção à estalagem onde, segundo Henry, poderiam encontrar o senhor Anders (também conhecido como seu sobrinho idiota)...
O local era relativamente bom! O nível da estalagem era bem acima daquelas que os aventureiros estavam acostumados a pernoitar e certamente bem abaixo do que um homem de família rica estaria disposto a tolerar. Mas para quem estava “quebrado” como Anders, aquele local certamente estava no limite de suas posses - embasando a teoria de Samir sobre estarem sendo pagos com promessas que talvez jamais fossem cumpridas.
Samir e Karvi entraram, sentaram, pediram comida, bebida e passaram algum tempo se divertindo com os frequentadores do local. Ficaram de olho o tempo todo a quem entrava ou saía da estalagem, mas em momento algum avistaram Anders ou Gilian.
Aqui fica uma nota honrosa ao Githzerai, que teve a audácia de pedir ao estalajadeiro anão:
“Me dê algo que VOCÊ beba pelo menos 3 para ficar bêbado!”
Samir estava achando que seu companheiro acabaria se tornando um “peso morto” mas resistiu bravamente aos efeitos da bebida que pediu ao estalajadeiro.Assim que tomou o seu caneco de “bebida EXTRA forte”, Karvi pediu mais uma “dose”. Sem falar nada, disse que essa era “para depois”...
A atendente da estalagem
Quando já estavam desistindo da discrição e partindo para uma abordagem mais direta ao estalajadeiro, uma atendente veio descendo as escadas totalmente transtornada com o comportamento de um “riquinho idiota” que a ofendeu jogando comida e bebida em suas roupas - Karvi optou conversar com a “moça” para descobrir quem era o tal “riquinho idiota”, então constatou que se tratava do senhor Anders, que estava bêbado como um gambá!
Os aventureiros tentaram subir as escadas para “visitar” seu contratante, mas além de terem sido barrados pelo “segurança” da estalagem, ainda foram “obrigados” a ouvir os gritos de um homem bêbado dizendo que não receberia ninguém!
Impedidos de passar da escada, uma vez que o segurança deixou bem claro que aquela área era apenas para hóspedes e funcionárias (olhando claramente para a atendente), Samir foi resolver o problema alugando um bom quarto próximo ao de Anders.

O segurança da estalagem
Uma vez “registrados” na estalagem, os aventureiros finalmente passaram pelo “segurança” e subiram as escadas (sem criar qualquer confusão). Deixaram suas coisas no quarto alugado e foram em direção ao de Anders - estava tão bêbado e incapaz, que não conseguia sequer discernir a voz da atendente da voz de Karvi (se passando por ela).
Tão logo abriu a porta, e viu que realmente havia uma cerveja trazida por Karvi, ele se interessou em “ser atendido”. Como não queria receber visitas, estava usando o próprio peso para “barrar” a porta, que foi aberta por Samir (usando “um pouco” de força e brutalidade, mas apenas o suficiente para tirar o contratante do caminho)...
Os aventureiros adentraram o quarto, fecharam a porta e fizeram de tudo para manter o ambiente calmo e livre de qualquer interferência. Começando a conversa com Anders de forma pacífica (enquanto Samir observava atentamente a marca em sua mão esquerda, conforme fora informado por Henry Brewalch durante sua proposta de trair Anders).
No entanto, assim que ele “cheirou” a bebida que Karvi trazia… Primeiro veio o vômito e em seguida o desmaio.
Samir o deixaria ali mesmo, mas Karvi foi um pouco mais “gentil”, deixando Anders na cama em seu estado patético - até onde conseguiu falar alguma coisa, estava bebendo para comemorar as notícias que recebera de Gilian (sobre a existência do testamento e a localização da chave).
Sem alternativas para continuar a conversar, os aventureiros voltaram ao quarto alugado para pensar melhor nas únicas duas linhas de ação que ainda eram possíveis: Matar Anders e ganhar o prêmio ou continuar com Anders e encarar o desconhecido…

Na manhã do outro dia, quando Anders estava mais sóbrio e “conversável”, Samir e Karvi retornaram a seu quarto para tentar levantar mais informações sobre o paradeiro da chave do cofre - segundo “a fonte segura de informação”, ela estava vigiada por todos os parentes…

Samir começou a perguntar se havia algum tipo de local no casarão onde eram guardadas as lembranças ou “memórias” da família, tais como quadros ou esculturas, questionou ainda sobre a possibilidade de existir algum tipo de livro que tenha o nome de todos os ancestrais da família e, foi nesse momento que Anders pareceu entender a mensagem trazida pelos aventureiros.
Informando a Samir que, realmente lembrava de já ter visto um livro desses, que era grande e pesado, normalmente guardado à chave na gaveta do escritório de seu pai (mesmo aposento em que fica o cofre com o provável testamento).
Depois de praticamente conduzirem “um interrogatório” sobre o paradeiro da chave, chegou a vez de discutirem sobre a “planta” do casarão. Mais precisamente, como entrar e sair do terreno (e do casarão) sem ser visto, qual a rota mais fácil de acesso ao quarto do cofre e por fim, quantos seguranças ou mercenários estariam vigiando a propriedade à noite…

Samir acreditava que a chave para um cofre como o da Família Brewalch só poderia estar “naquele livro”, então saiu do quarto de Anders junto com Karvi, ambos decididos entrar no casarão e recuperar a chave - peça essencial para decidirem qual seria a linha de ação que tomariam entre as propostas de Anders e Henry.

Anoitece e a dupla se dirige ao Casarão da Família Brewalch
Quando finalmente estão perto o bastante, ficam algum tempo avaliando “o cenário” para saber o que esperar.
Para a surpresa dos aventureiros, apesar de haver luz visível nos aposentos do casarão, não havia sinal da presença de qualquer mercenário, segurança, serviçal ou funcionário. O que a primeira vista parecia muito bom para o que pretendiam fazer…
Mas “os bons pressentimentos” acabaram no mesmo instante em que perceberam uma sombra passando de um aposento para outro com muita pressa e aparentemente jogando algumas coisas para algum lugar (como quem revira um quarto em busca de algo).

A dupla de aventureiros se lembra da conversa com Anders e segue para a porta que dá acesso ao porão. Segundo ele, havia uma pedra solta onde seu pai escondia uma chave reserva para o caso de precisar entrar por lá… Karvi encontrou a chave, abriu a porta dupla e devido à impossibilidade de manter tudo como estava (para não levantar suspeitas), os aventureiros adentraram o casarão o mais rápido possível o mais sorrateiro que conseguiram…
Quando estavam se aproximando do escritório, ouvindo o som de coisas sendo jogadas e a voz de alguém bastante irritado com a situação em que se encontrava, Karvi percebeu se tratar de Henry Brewalch (aparentemente, a notícia levada a ele pelos aventureiros, deixou o mago muito desesperado para abrir o cofre).
Instantes depois de chegarem a essa conclusão, um dos dois acabou pisando numa “tábua solta”, que rangeu longe e alto o suficiente para que os aventureiros simplesmente parassem de ouvir os sons que vinham do escritório…

Os tentáculos que atacaram
Samir e tudo mais que se
movesse dentro do quarto
Percebendo a iminência do confronto com um mago de poder totalmente desconhecido, a dupla se posicionou “estrategicamente” dentro do primeiro quarto que viram com a porta aberta (adjacente ao escritório) enquanto ouviam no corredor os passos leves quem vinha “em direção à tábua solta”.
De repente, mais silêncio. Karvi, que estava melhor posicionado em relação “à observação da porta” não via ninguém chegar. Samir estava atrás da porta posicionado com sua alabarda, mas não tinha um alvo para atacar. Numa fração de segundos, entre inspirar e expirar, seus músculos travam, seu corpo não obedece e ele finalmente pode ver o mago bem na sua frente, retirando sua alabarda e jogando o mais longe que pôde.
Como o mago avistou Karvi, saiu do quarto deixando o chão totalmente coberto por uma substância negra e viscosa, de onde surgiam tentáculos espinhosos banhados em ácido que começaram a atacar tudo o que conseguiam agarrar (incluindo os aventureiros).
Sem muito tempo para pensar, os aventureiros deram um jeito de sair do quarto e tentar resolver o que tinham se proposto a fazer - enquanto um ia procurar o livro e o outro tinha que ir pra cima do mago com tudo...
Samir ataca Henry com seus machados de mão e Karvi corre para o escritório a fim de encontrar o livro de qualquer jeito!
Henry continuava atacando e “fritando” seu arsenal de magias enquanto Samir sobrevivia a seus poderes arcanos retaliando do jeito que era possível, transformando o corredor num campo de batalha totalmente desfavorável.

No meio daquela confusão de poderes, luzes, sangue e dor, a voz do Githzerai encontrou o momento certo para se destacar:
"Estou com sua chave... Venha aqui se quiser pegá-la!"
Aproveitando aquele "espasmo de tempo" em que o mago se distraiu da luta, Samir corre para o escritório e, ao mesmo tempo que dá de cara na porta é ajudado por Karvi, que puxa o companheiro para dentro e ambos tentam barrar porta enquanto um pergunta sobre a chave e o outro diz que encontrou o livro...
Tão inesperada quanto o próprio confronto em si, foi a explosão da porta barrada pelos aventureiros - que arremessou os dois para o outro lado do escritório, deixando ambos bem distantes de Henry, dando ao mago a vantagem que ele esperava conseguir.
Contrariando todas as expectativas, Karvi se desloca rapidamente até Henry, pula em cima dele levando a luta novamente para o corredor - durante o ataque, o Githzerai aproveitou para agarrar o mago e “virar a mesa” do confronto mantendo a luta para o chão (limitando as opções arcanas de seu algoz).
Isso deu mais tempo para Samir procurar revirar o livro em busca da chave do cofre; então o desespero o levou a folhear, rasgar e no fim, encontrar a chave “presa” dentro da pesada e ornamentada capa do livro.
Ainda no corredor, a luta entre Karvi e Henry seguia feroz. Mas no primeiro vacilo do Githzerai, o mago conseguiu conjurar alguma criatura mágica para ajudá-lo naquela situação, instruindo o “monstro” com apenas uma palavra: “Mata!”
Ambos estavam muito feridos, mas daquele momento em diante, Karvi estava em total desvantagem. Depois da primeira mordida ele entendeu que não conseguiria sair do casarão, mas ainda poderia ganhar tempo para Samir (nem mesmo o monge saberia como definir a criatura que surgiu atrás dele, apenas era possível ouvir seu rosnado, sentir o calor de sua respiração pesada e então os dentes rasgando sua carne).
Dentro do escritório, o guerreiro avançou até o cofre sem pensar duas vezes, usou a chave para abrir a porta e “enfiou” tudo que podia ser considerado como documento (papel, papiro, pergaminho, livros) dentro de sua mochila e gritou para seu companheiro: “Vaza!”
Olhou para o janelão do escritório e se jogou por ela, atravessando e quebrando vidro e madeira ao custo de alguns cortes…
O que não esperava durante sua fuga era ter a visão de Henry ao invés de Karvi. O mago estava todo ensanguentado mas ainda conseguiu apontar a mão para o guerreiro, falar alguma coisa ininteligível e disparar “cinco fachos de luz mágica” que atingiram Samir pelas costas. A dor foi quase tanta quanto saber que seu parceiro não havia sobrevivido à missão…

Durante a fuga, Samir correu diretamente para a Estalagem do Viajante Sortudo; tinha que encontrar Anders Brewalch antes que fosse visitado por seu tio.
Se isso acontecesse, Karvi teria morrido em vão e a Confraria não receberia aquele suntuoso pagamento na forma de uma casa no valor de 2000 PO.
Chegou em frangalhos à estalagem, se dirigiu ao quarto de Anders e o retirou de lá o mais rápido possível sem deixar instrução alguma ao estalajadeiro (até porque, quanto menos ele soubesse, mais seguro estaria), desaparecendo na cidade até que “a poeira baixasse”.
Quando finalmente entregou a mochila a Anders, sequer conversou com ele sobre o ocorrido no casarão da Família Brewalch. Apenas observou a expressão de satisfação de seu contratante, enquanto ele atirava ao fogo o papel (testamento) que Karvi morreu para recuperar - imediatamente substituindo por um que aparentemente “sempre esteve com ele”.

Anders Brewalch apresentou aos magistrados todo os documentos necessários a garantir sua herança. Assumiu a Companhia de seu pai ao mesmo tempo que seu tio Henry desapareceu completamente de Silos.
Os dias passaram brevemente e a vida na cidade apresentou outros assuntos para o dia-a-dia nas ruas e poucos cidadãos se lembravam do desaparecimento do Githzerai, outrora entitulado como “herói do povo” ao ajudar cidadãos a fugir de uma breve, mas perigosa incursão Githyanki...
Samir que sempre era calado, andava ainda mais pensativo do que nunca. Até o dia em que o destino o levou a passar em frente à Companhia Brewalch de Caravanas, onde pôde avistar seu antigo contratante “organizando” uma nova jornada para algum lugar distante, resultando em mais uma missão que provavelmente traria a morte de alguém e mais dinheiro para ele.

Foi então que Samir se enfureceu com aquele pensamento e jurou em silêncio (enquanto cerrava os punhos até sangrarem) que sairia da Confraria dos Espinhos de Silos. Precisaria estar livre de amarras para que daquele dia em diante pudesse caçar primeiramente a “Família Brewalch”, garantindo o encontro para que respondessem diretamente aos Deuses pela morte de Karvi, depois estenderia a lâmina de sua vingança a todos aqueles que a merecessem...


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